domingo, 16 de junho de 2013

“QUE COISA LINDA, É UMA PARTIDA DE FUTEBOL” (por Maria Monteiro)




[...] Que coisa linda, é uma partida de futebol. Posso morrer pelo meu time. Se ele perder, que dor, imenso crime. Posso chorar se ele não ganhar. Mas se ele ganha, não adianta. Não há garganta que não pare de berrar... (Samuel Rosa e Nando Reis)
Ontem, nossa presidenta Dilma Rousseff, foi vaiada na abertura da copa das confederações. Justo numa partida de futebol. Pergunto-me se as vaias foram para a organização desse evento, ou se elas têm a ver com o caos do nosso atual governo? Isso me fez lembrar, um famoso evento do qual participei em minha adolescência, o IMPEACHMENT DE COLLOR.
– Era 25 de agosto do ano de 1992, voltava da escola cedo; naquele dia não houve aula. Eu já estava vestida de preto a pedido dos meios de comunicação, que na época não se estendia a internet. As notícias não eram tão velozes como hoje são, mas o povo brasileiro estava animado, teve trio elétrico na Av. Boa Viagem, houve festa pelos quatro cantos do país. O negócio foi muito bem organizado, tinha até policial fazendo segurança do evento. Lembro-me de ter pintado o rosto com as cores da bandeira brasileira e de ter cantado “QUERO COLLOR, FORA DO BRASIL” tudo isso, aos berros, pelas ruas de um bairro na zona sul do Recife. Eu e meus amigos fizemos a nossa marcha por aqui, somando nossa voz a um único grito brasileiro: FORA COLLOR! O povo parecia bastante determinado, haviam manifestações por todo o Brasil. O que valeria dizer: que a união do povo brasileiro faria, enfim a força, sem a qual a câmara dos deputados “não abriria” processo de impeachment do então presidente Fernando Collor. Desse modo, eles poderiam argumentar de forma “democrática” o descarte de um presidente corrupto que já não atendia as expectativas e roubava seu povo. O plano deu certo, de lá pra cá, já se passaram quase 21 anos; cresci como a maioria dos jovens de minha época os “CARAS-PINTADAS”, com a sensação de aquele grito ter sido escutado. 
A mim, a lembrança desse fato não advém da disposição de manifestações sociais que retratem o apelo de um povo, embora as vaias à nossa atual presidenta Dilma, não tenha sido fruto da manipulação de nossa política, inclusive à ocasião propícia, “em meio a uma partida de futebol”, não fiquemos pois, orgulhosos, confundido nossa má educação com protestos efetivamente justos, que levantam bandeiras em pró de causas fundamentais e que favorecem, de fato, o povo brasileiro. Um proveito, entretanto, se impõe: mostra-se que já não somos mais manipulados, tampouco estamos preocupados em dar a entender ao mundo que estamos satisfeitos com as injustiças que andam acontecendo por aqui. A vaia foi válida, mas ainda não admitimos que temos voz! Contrária ao grito FORA COLLOR, no quesito espontaneidade, surpreendemos nossos políticos e alguns veículos da impressa, que aliás andam fazendo vista grossa, fingindo não entender bem o que essa e as ultimas manifestações tentam retratar. Vivemos dias de caos. Há revoltas por todos os lados, já temos motivos suficientes para acreditar que uma guerra está em cursor. 
E o que vamos fazer para mudar, e melhorar o Brasil? Execrar o nosso atual governo? Acreditar que vamos conquistar a melhoria dos serviços prestados à nossa sociedade, por meios de “paralisações e depredações” dos mesmos? Temos aí dois planos que não passam de ilusão! 
A nossa “falta de educação” e nossa “má educação”, respectivamente nessa ordem, não nos permitem reconhecer como lutar por direitos, nem sobreviver com os direitos já conquistados. Se não fosse essa, a instrução que recebemos há tempos, sob dias com poucos recursos de informação, poderíamos hoje assumir sozinhos a culpa desse lindo caos, chamado Brasil! Em contraparte, se consideramos que a culpa é parcelada, fica fácil para uns sentar e não fazer nada, enquanto torna-se cada vez mais difícil para outros, lutar de maneira feroz e levar “chumbo”. Que tal zerar as parcelas, não culpar ninguém pela falta de pagamentos das mesmas e perdoar a dívida? 
Muitos, eu disse: muitos brasileiros têm acesso a informações; ainda ouso dizer também que são muitos aqueles que têm a consciência ética correta de seus direitos, deveres e irresponsabilidades. Não quero ver o meu país em guerra contra si mesmo, essa guerra violenta contra o governo, traduz a nossa incompetência enquanto cidadãos participantes de uma democracia que utiliza o VOTO para escolher seus representantes. Parece que esquecemos quando, na última eleição, o nosso Ex Presidente Lula jogou a bola para Dilma, e a grande maioria dos brasileiros confiou nela de olhos fechados, tornando-a nossa atual presidenta... Não estaria, portanto, na hora de promover um conhecimento político capaz de fazer a nação entender a FORÇA DE MUDANÇA que há, numa eleição?      

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