sexta-feira, 21 de junho de 2013

PÁTRIA AMADA


(por Maria Monteiro)
Vamos lá! Não gosta de discutir política, mas foi ao protesto porque é bonitinho? Nunca assistiu a TV Senado, porque acha um saco, além de não entender patavinas sobre termos políticos, e agora anda posando de intelectual, execrando os jogadores de futebol, porque eles falaram duas ou três palavras “descontraídas” para amenizar os ânimos? Queria o quê? Que os reis “Pelé e Ronaldo” tivessem pronunciamentos políticos formais, sobre as injustiças que a plebe vem sofrendo? Esqueceu que durante todo esse tempo, fizemos do Brasil, o país do futebol? Fala mal da rede Globo, mas adora a novela das nove? Reivindica melhores serviços públicos nas escolas, nos hospitais, mas se nega a prestar serviços “solidários” em pró dos mais necessitados? Quer que melhore a qualidade dos transportes “coletivos urbanos”, mas quebrou a janela do ônibus no último carnaval? Anda fantasiando que uma bomba, em Brasília, resolveria todos os nossos problemas, porque acha que os protestos, que estão acontecendo por aqui, tomarão rumo sem que haja partido político à frente? Acha que a partir de agora, o povo vai administrar o país, nosso sistema de governo será a Anarquia e vamos instituir o dia 20 de junho, nosso mais novo feriado “O DIA DO PROTESTO”? Daí, a luta se encerra e você volta pra casa, liga a TV e constata que a violência e injustiça continuam... “Um, dois, três, quatro”, ainda não foi você...


Perdoem-me, irmãos brasileiros, também quero defender a nossa PÁTRIA; a que nos pariu...
Há muita vaidade por nossa terra, e pouca honra aos que cuidam dela. Há força no nosso grito, mas falta clareza na nossa voz. Muitos ouvem o barulho da chuva, nos centros urbanos, poucos escutam o silêncio da seca no interior. Muitos desperdiçam comida nos restaurantes e deixam de doar alimentos aos que têm fome. Poucos se importam com as crianças sujas no sinal, ou com os sonhos dos jovens “ainda” analfabetos. Muitos apoiam nossa meritocracia que mata a dignidade daqueles que exercem profissões braçais... Poucos doam lugar aos idosos, apenas porque são gentis. Quase ninguém oferece SOLIDARIEDADE, sem adorno a si.

Se o gigante acordou... Ta na hora de encarar os vários problemas sociais que se formaram enquanto ele dormia. Porque GRITO, é sinal de alerta, mas transformações, só com mudança de atitude, e não adianta pensar que o problema é exclusivo dos políticos, afinal somos participantes efetivos dessa República...
Quer mudar o Brasil? Comece por você!

domingo, 16 de junho de 2013

“QUE COISA LINDA, É UMA PARTIDA DE FUTEBOL” (por Maria Monteiro)




[...] Que coisa linda, é uma partida de futebol. Posso morrer pelo meu time. Se ele perder, que dor, imenso crime. Posso chorar se ele não ganhar. Mas se ele ganha, não adianta. Não há garganta que não pare de berrar... (Samuel Rosa e Nando Reis)
Ontem, nossa presidenta Dilma Rousseff, foi vaiada na abertura da copa das confederações. Justo numa partida de futebol. Pergunto-me se as vaias foram para a organização desse evento, ou se elas têm a ver com o caos do nosso atual governo? Isso me fez lembrar, um famoso evento do qual participei em minha adolescência, o IMPEACHMENT DE COLLOR.
– Era 25 de agosto do ano de 1992, voltava da escola cedo; naquele dia não houve aula. Eu já estava vestida de preto a pedido dos meios de comunicação, que na época não se estendia a internet. As notícias não eram tão velozes como hoje são, mas o povo brasileiro estava animado, teve trio elétrico na Av. Boa Viagem, houve festa pelos quatro cantos do país. O negócio foi muito bem organizado, tinha até policial fazendo segurança do evento. Lembro-me de ter pintado o rosto com as cores da bandeira brasileira e de ter cantado “QUERO COLLOR, FORA DO BRASIL” tudo isso, aos berros, pelas ruas de um bairro na zona sul do Recife. Eu e meus amigos fizemos a nossa marcha por aqui, somando nossa voz a um único grito brasileiro: FORA COLLOR! O povo parecia bastante determinado, haviam manifestações por todo o Brasil. O que valeria dizer: que a união do povo brasileiro faria, enfim a força, sem a qual a câmara dos deputados “não abriria” processo de impeachment do então presidente Fernando Collor. Desse modo, eles poderiam argumentar de forma “democrática” o descarte de um presidente corrupto que já não atendia as expectativas e roubava seu povo. O plano deu certo, de lá pra cá, já se passaram quase 21 anos; cresci como a maioria dos jovens de minha época os “CARAS-PINTADAS”, com a sensação de aquele grito ter sido escutado. 
A mim, a lembrança desse fato não advém da disposição de manifestações sociais que retratem o apelo de um povo, embora as vaias à nossa atual presidenta Dilma, não tenha sido fruto da manipulação de nossa política, inclusive à ocasião propícia, “em meio a uma partida de futebol”, não fiquemos pois, orgulhosos, confundido nossa má educação com protestos efetivamente justos, que levantam bandeiras em pró de causas fundamentais e que favorecem, de fato, o povo brasileiro. Um proveito, entretanto, se impõe: mostra-se que já não somos mais manipulados, tampouco estamos preocupados em dar a entender ao mundo que estamos satisfeitos com as injustiças que andam acontecendo por aqui. A vaia foi válida, mas ainda não admitimos que temos voz! Contrária ao grito FORA COLLOR, no quesito espontaneidade, surpreendemos nossos políticos e alguns veículos da impressa, que aliás andam fazendo vista grossa, fingindo não entender bem o que essa e as ultimas manifestações tentam retratar. Vivemos dias de caos. Há revoltas por todos os lados, já temos motivos suficientes para acreditar que uma guerra está em cursor. 
E o que vamos fazer para mudar, e melhorar o Brasil? Execrar o nosso atual governo? Acreditar que vamos conquistar a melhoria dos serviços prestados à nossa sociedade, por meios de “paralisações e depredações” dos mesmos? Temos aí dois planos que não passam de ilusão! 
A nossa “falta de educação” e nossa “má educação”, respectivamente nessa ordem, não nos permitem reconhecer como lutar por direitos, nem sobreviver com os direitos já conquistados. Se não fosse essa, a instrução que recebemos há tempos, sob dias com poucos recursos de informação, poderíamos hoje assumir sozinhos a culpa desse lindo caos, chamado Brasil! Em contraparte, se consideramos que a culpa é parcelada, fica fácil para uns sentar e não fazer nada, enquanto torna-se cada vez mais difícil para outros, lutar de maneira feroz e levar “chumbo”. Que tal zerar as parcelas, não culpar ninguém pela falta de pagamentos das mesmas e perdoar a dívida? 
Muitos, eu disse: muitos brasileiros têm acesso a informações; ainda ouso dizer também que são muitos aqueles que têm a consciência ética correta de seus direitos, deveres e irresponsabilidades. Não quero ver o meu país em guerra contra si mesmo, essa guerra violenta contra o governo, traduz a nossa incompetência enquanto cidadãos participantes de uma democracia que utiliza o VOTO para escolher seus representantes. Parece que esquecemos quando, na última eleição, o nosso Ex Presidente Lula jogou a bola para Dilma, e a grande maioria dos brasileiros confiou nela de olhos fechados, tornando-a nossa atual presidenta... Não estaria, portanto, na hora de promover um conhecimento político capaz de fazer a nação entender a FORÇA DE MUDANÇA que há, numa eleição?