sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Aquele monólogo...

por Sussumonte

Dificilmente conseguirei expressar, com segurança, essa dor que, de vez em quando, aparece e teima em, entre o meu ensolarado ser, querer ficar.
Num parâmetro analítico, a criatura que vos fala, já recebeu alta das sessões de psicanálise... Sim, às teorias tão perfeitamente aplicadas ela foi excelente, e, diante a facilidade que tem de conjecturar seus piores momentos, denominou-se, inclusive, essa mesma criatura, um ser, demasiadamente calculista.
O monólogo a seguir, é antagônico a atual retórica da autora.

[...] Saudade da Moça

Ah, minha doce e linda Maria Monteiro
Meu verso hoje será infeliz, se comparado a tantos outros que te fiz.
E irás me perguntar
Qual foi a má impressão que te causei?
Queres mesmo saber?

Quando tu me davas orgulho era mais fácil!
As flores tinham mais cores entre a nossa vida amena.
Não precisa me lembrar que te pedi um pouco de harmonia,
É que esquecestes de uma vez do contraste.
Bela criaturinha café com leite, isso sim, foi no que te transformastes.

As tuas perguntas são tão engraçadas,
Qual é o teu “sei” entre os nossos fracassos?
Pois bem!

Sei daquela dor de cotovelo que fortalece nossa vaidade,
Sei daquela frustração que acabou com a nossa auto-estima,
Sei daquele medo que acolheu a nossa covardia,
E em meio a tantos, também sei daquela renuncia que abandonou a nossa alegria.

Lembras daquela nossa promessa?
A de não nós afastarmos tanto.

Eu estou aqui,
Por trás do teu reflexo
E, até quando tu vês apenas sombras.

Ah, sim, tu?
Tu te afastes de mim!

Tu não te regozijas,
Tu não choras, não lamentas,
Tu te calas.
Não me chamas...
Tu não falas mais comigo no espelho.

Agora eu que te pergunto:
Por que pintas o mundo nas cores que não te agradam?
Há méritos pessoais na satisfação daqueles que são incapazes de te compreender?

Moça de cabelos compridos, de sobrancelhas grossas,
De sorriso largo, e de olheiras profundas
Não te afastes de mim,
Volte aos braços do teu eu!