No amanhecer dessa primeira quinta-feira de agosto, enquanto
eu tomava meu café e observava o trânsito, da janela da cozinha – embora, eu
tenha sentindo saudades “de quando olhávamos juntos à mesma direção” – agradeci
por poder avistar, sozinha, uma avenida tão movimentada, – ainda bem que não há
o vai e vem dos carros, nessa que não é uma avenida de “mão dupla” – assim,
olhando os carros num único sentido, vejo que eles vão, e mesmo que amanhã, transitem
novamente por ali, no retorno são obrigados a fazer um caminho diferente; mas
foi num gole de café que queimei a minha língua, e não quando chorei e, novamente,
admiti: tenho que ir! Mesmo que dá última vez eu tenha pensado e dito que não
mais partiria.
Não tenho dúvidas, minha alma é cigana! Essa explicação,
nada efêmera, se dá a muitas direções entre tantos desenganos – Bem, se não
fosse por essa despedida, esse amor não seria um deles – o que me impulsiona,
aliás, a agir como sempre fiz, praticando o desapego. Não tem fundamento fazer
um novo e o mesmo juramento, de confiar nos homens. Se a mim mesma eu sempre
repliquei baixinho: Não há mesmo aquele a quem posso confiar?! Sim, eu preciso
me cuidar para não me tornar egocêntrica diante das ilusões e inocências daqueles
que não possuem, nesse âmbito, experiências. Devo direcionar meu olhar, atenta,
e não me tornar obsecada por verdades, afinal, que grande mal fez quem a mim
foi infiel – se com atos ou omissões, todo mundo o é – eu não sou a dona da
verdade; não a alheia, quanto a minha sim, mas a quem mais ela serve além de
mim?
Voltando ao que finca os meus pés aqui, ou pelo menos tentava
fincar, era a forte sensação daqueles dias, que embora fosse rotina, havia algo
que me abastecia de alegria e relutei para que não se transformasse em lembranças...
Mas o grande fiasco mesmo foi não perceber, que o homem nada mais é que o acúmulo
de seus dias vividos... Ao amanhecer o dia anterior já virou ontem, e o exato
não se dá às próximas horas, nem minutos, nem segundos seguintes... O que de
concreto tem um homem é aquilo que ele vai deixando para trás. Sim, são as
lembranças! Quanto às supracitadas, foram maravilhosas e são minhas! Melhor
assim, para quem hoje descobriu aquilo que quer colecionar: “eu vou buscar boas
histórias pra contar”.