quarta-feira, 22 de julho de 2009

SALVE

A Srta aqui, nos dias que antecedem, estava demasiadamente pesada, enorme (sem caber em mim); o medo elevado de escrever sobre sentimentos e posteriormente parecer contundente, e ou, antagônico, não evitou o surgimento de textos abusivos.
À margem do bom senso, posterior a minha cólera, decidi postar alguns textos, dando ao leitor a oportunidade de desdenhar um pouco do meu humor sarcástico.
Toneladas aparte:
“Deus, livra-me de todo o mal, amém!”

Seguem textos:

O Rato
Até a Próxima Esquina
A Imperfeição Existe
Testamento de Suicida (FRAUDULENTO)

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O RATO




Quando, após tumulto, o rato apareceu, as indagações surgiram. Não. Apenas uma indagação surgiu:- “Quem é da casa?”- E para a mesma, tantas respostas:


...O Rato voltaria àquela casa à porta da frente. - Ora, tendo sempre o esgoto como lugar de fácil acesso, aliás, lugar de sua preferência – O Rato quis se mostrar. Assim, apareceu sem querer causar tumulto, apenas esqueceu os fracassos anteriores. Uma vez li em algum lugar – não lembro bem aonde – [...] Em matéria de fracassos, a tentativa de recordar o passado equivale à pretensão de entender o sentido da existência. As duas coisas nos fazem sentir como um bebê que segura uma bola de basquete: ela escorrega constantemente das mãos - Pesquisei e achei o autor; quem escreveu foi o russo Joseph Brodsk.
E aconteceu que o Rato, achando-se conveniente, pensou por mais uma vez, que todos o aceitariam, ali, naquela casa.

A cerimônia

Era noite de festa, sempre havia festa na casa, mas naquela ocasião comemorava-se o aniversário do DONO DA CASA, o anfitrião sabia que precisava ser gentil, precisava agradar, e a todos que chegavam à casa era dito a mesma coisa: Quem é da casa pode entrar, fique a vontade! Espero que encontre um lugar confortável; entre tantos cômodos, posso garantir que aqui há lugar para todos.

O tumulto

Vendo toda aquela movimentação o Rato pensou - “Momento mais propício não existirá.” - Vindo do cemitério, onde se alimentou demasiadamente, sem mais querer esperar, sem mais querer “naquele momento se alimentar” – quem sabe futuramente, quando a fome batesse - estando a frente, o rato bateu à porta...

- Vejam vocês! Olha quem está aqui! Calma gente! É apenas um ratinho! Ôh, pobre coitado, tão pequeno, por mim cederia o porão, mas a casa NÃO É MINHA... Afinal, eu apenas “ESTOU NA CASA”. INDAGOU, realmente com dó do rato, uma das convidadas.

O pequeno Rato, que anteriormente, não muito longe daquela noite, quase percorreu a casa toda - sempre se submetendo, é verdade! - mas dessa vez o rato que entrou pela porta da frente, que veio lá do cemitério, trouxe indagações aos convidados...

O comunicado

Todos, logo perceberam que O Rato queria falar, tinha uma mensagem:
- Tudo bem Sr Rato, fale logo, estamos todos ansiosos, queremos lhe ouvir. Tamanha é sua coragem! E pensaram os convidados:
- Que ratinho mais corajoso!

A voz e a vez do Rato

O Rato pediu a vez:
- Não se assustem comigo, não me olhem assim, com tanto desdém. “TAMBÉM SOU DA CASA!” Estou sempre, lá e cá, a procura de migalhas, por falar nisso: as pessoas da sala de jantar, por favor, atenção: TENHAM PIEDADE, DEIXEM MIGALHAS PARA MIM!

Realmente, eu deveria ter escolhido outro bicho (nojento e asqueroso), porque na verdade morro de medo de ratos. Mas desse Rato não, ele não me assusta, tenho apenas repulsão, aliás, temos os dois... Voltando lá ao dito cujo, o Rato, com aquela voz fininha, perdida e pausada - Imagino que ele tenha servido de inspiração a Malu Magalhães – bem, continuou ele com o seu comunicado:

-EU, QUE SOU O RATO DA CASA, e assim me considero... Pergunto a todos:
QUEM É DA CASA?

- Sr Rato, uma pergunta dessa não é fácil de responder. Com a casa cheia de pessoas, de uma maneira ou de outra todos são. O que penso em relação a sua pergunta e em relação a casa é que : SER DA CASA NÃO É SER DONO DA CASA, não digo que SER DONO DA CASA É TAMBÉM SER DA CASA. O que quero realmente dizer é que “É DA CASA QUEM ESTÁ NA CASA.”


Talvez, por si tratar de uma mazela interna, o texto seja complexo à compreensão do leitor (praticamente uma questão de raciocínio lógico), mas de fato não o será para o Rato, que por natureza própria é esperto (não demasiadamente); e absurdamente astuto.

Existem pessoas com gostos estranhos, mal estar passageiro, nem as culpo por isso. Afinal às vezes somos Ratos, às vezes anfitrião, às vezes estamos, às vezes somos e assim por diante.
Eita vidinha louca essa, viu! CUIDADO COM O RATO, PEGA O RATO MENINA!!!


Sussumonte

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Até a Próxima Esquina

Ela sentada ali, naquela esquina, por mais uma vez vê a vida passar.
O chão lhe parece comum, aquela esquina não.
Ruas tão turvas por causa do vento, tão distantes por causa do tempo.
E o vento que leva as folhas daquele chão...
Folhas que em outro tempo no alto já viveram, hoje caíram, e agora se vão
Seguem pelas ruas a fora mortas, esmagadas...
E o tempo embaçando a memória, corrompendo desejos...

Ela lamenta:

-A boa menina que não fui; o velho senhor que não respeitei; os segredos que não guardei. Perdoe-me por não ter sido melhor, perdoe-me por ter perdido a direção. Lamento tanta decepção. O céu parece muito mais infinito; já a vida não.
Eu lamento esse medo dos próximos anos, a condição do meu enredo. Não tenho opção.
Eu lamento o pensamento saudoso da boa menina que fui. Tanto se foi, e agora há em mim, a dúvida, o cansaço...

A todo instante ela corteja seu velho e bom companheiro...

E ele a acalma:

-Venha boa menina, dei-me sua mão, não seja mal criada, siga a estrada, esqueça a desilusão.
Era seu guia, um cão, ou como um cão, um cão guia. Não dizia nada. Não com palavras. Nem latia. Apenas ordenava e ela seguia...

- Já faz certo tempo que estou aqui. É que minha vida alcançou uma complexidade tão errante que apenas conseguiu manter-se à margem dos bons costumes. As referencias socias, servem a muitos, como um pano de fundo. Quanto a mim, servem de layout em relação ao meu contexto.
Quando o preconceito dói, paro a vida na próxima esquina, e me ponho a perguntar: Por que dói?
É hora de levantar e seguir.
- Até a próxima esquina! Disse, o cão ou a menina?

Sussumonte

Um comentário:

  1. "O Rato"
    Deixou perguntas quando respondeu e respostas quando questionou. Senti-me meio Rato, meio da casa, meio anfitrião, mas acho que mais rato. Achei divertido, não me pergunte o motivo.
    Mas adorei mesmo isso!

    "Até a próxima esquina"
    Sussumonte Shakespeare!!!
    Excelente.


    Sobre sua pergunta.
    Não precisa nem pedir, a minha resposta foi desencadeada por você, logo, também lhe pertence. Acompanho com curiosidade e prazer sua produção Literária e Filosófica.


    Forte abraço, Srta. Monteiro.



    Sérgio Muniz.

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