terça-feira, 2 de junho de 2009

Refletindo

O que faremos com nossos dias violentos?

... Tento tranquilizar minha cólera, diante das atrocidades anunciadas nos meios de comunicação, sobretudo a TV. Pergunto-me sempre quantos mortos estamparão a próxima edição, e quantas vítimas terão de mostrar, no ímpeto de suas perdas, para sensibilizar e despertar a empatia dos telespectadores, e obter assim o seu maior índice de audiência.

Guardo essas notícias de Violência como um turbilhão em meu pensamento - não sei se por causa dos atos, ou, da forma como eles são tratados - Embora, processe as informações rapidamente, o centro de minha mente parece sofrer danos, como a falta de credibilidade nas políticas governamentais do meu país e o medo que assola minha esperança, impedindo-me de ter iniciativas de combate.

No atual estágio da Violência Nacional, comumente mostrada de maneira sensacionalista, a banalização parece ter tomado o lugar de outros sentimentos, entre os quais o amor ao próximo. Apesar de inúmeros fatos, a preocupação dos governantes, parece não ir adiante, mostra-se entorpecida, como um verdadeiro parasita alimentando-se de vários tipos de violência. Seguem (estagnados), tornando cada caso único: como uma origem remota; como se não houvesse acúmulo; como se não fosse um caso de calamidade pública.

Em meio a uma insegurança da qual só sabemos subestimar, celebramos nossos feriados e nosso futebol, sem ao menos considerar nossas praças e praias, casas e empresas, enfim, locais públicos e privados como um cenário propício ao próximo crime.
A expansão da criminalidade é mais bem percebida, no território daqueles que sofreram a perda incorrigível de um ente querido, quanto a nós... Sabemos o que nos afligi, e estamos em alerta! Entretanto, o tamanho da nossa preocupação deveria seguir a mesma proporção das atitudes a serem tomadas - que não são poucas - em busca de uma solução.

Suely Monteiro

"A natureza humana é boa e a maldade é essencialmente antinatural." [Confúcio]

2 comentários:

  1. A violência é um interessante mecanismo para difundir produtos bélicos; aquele inocente comercial de margarina no intervalo das programações sensacionalistas; o estigma de se achar absolutamente normal morrer baleado dentro de uma metrópole; a hipocrisia da nossa civilizada sociedade ao valorizar seres humanos pelo que possuem e não pelo que de fato são, o complexo de Deus de muitos Juristas e políticos, nosso consumista e fútil estilo de vida baseado no “American way of life”, o descaso com a educação dos nossos jovens. Talvez não haja interesse efetivo em achar uma solução, infelizmente, as decisões políticas a respeito da violência são sempre paliativas, talvez demore mais algumas décadas para uma mudança de consciência, em breve, saberemos, se estivermos vivos até lá. Dias sombrios nos cobrirão se a violência, muito mais que banalizada, torna-se um frio vetor de desenvolvimento ou um aspecto cultural, não podemos permitir que isso aconteça, jamais.

    Concordo com tudo o que você disse, absolutamente.


    Forte abraço, Srta. Monteiro.

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  2. O que nos resta, se não, somar as forças e continuar, como diria O Mestre:

    Não importa o quanto você vá devagar desde que não pare.

    Confúcio

    Sussu d'Montes

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