segunda-feira, 1 de junho de 2009

A MENTE HUMANA

[...] Presumi-se que seus estímulos fossem meramente intrigantes, ninguém os conhecia - desconheço a proporção, desconheço o culto relevante – considerando sua repulsa diante de seus sentimentos. Inferi-se que sua mente guardava desejos reprimidos, que por volta e meia, quando acionados, provocavam mudanças em seu humor, desejos recessivos, capazes de sucumbi-la se os levasse adiante. E por isso, sabendo que não nascerá para se render a eles, resolveu que seria melhor seguir seu caminho e deixá-los para trás.

Durante todas as manhãs fora assim: os astros combinavam a cor do céu que ela teria. Se cinza ou azul, independente do tempo lá fora - ela sabia - deveria enfrentá-los. Preservava a coerência nas vestes, e, portanto, sabia qual delas usar, mantendo a imagem que pintou de si mesma ao mundo; diante daquilo que podia mostrar, e ou, esconder... Alternando a vestimenta por ocasiões - transcrevo o dia de céu cinza - a moça seguia dizendo a si mesma:

- Em mim existe um universo, que a vista humana é incapaz de abranger...
Hoje me vestirei de sol, embora os astros não tenham me preparado um céu azul.

[...] Em todo ser humano existe um universo, que a vista humana é incapaz de abranger. Habitado por frustrações, e mais ainda pelos sonhos e por estímulos de sujeição e transformação que nos posicionam a aspectos assumidos, ou não, diante do mundo.
O pensamento é a órbita humana. Dentro da mente é arbitrário fora dela súdito. Para se ter uma idéia, da devastadora diferença entre o que não se pode ver, e o que se é mostrado. Dentro do texto fiz questão de correlacionar o universo àquilo que escondemos. Esse universo proposto constitui um labirinto inanimado e permanente, ainda que não seja necessariamente desconhecido por quem nele é inserido. Escondidos ficam alguns de nossos desejos. O mais notável nesse trajeto é a quantidade de sonhos que abandonamos. Para compensar tantas perdas criamos o esboço que precisamos para encontrar a porta de saída entre o labirinto inanimado e a realidade que vivemos.
Na verdade, nunca saberemos ao certo os mistérios disseminados dentro de outro ser. Essa busca por conhecer-los permite concluir que o único real sentido para isso, é o anseio que temos, como diria Manuel Bandeira: “- A dor de ser homem...este anseio infinito e vão de possuir o que nos possui.”


Suely Monteiro

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