quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ser ou não ser...

Através de um vidro embaçado enxergamos a nós mesmos. A imagem que temos não é a mesma daquele atento vigia. E mesmo sendo paradoxo analisar a si mesmo, há quem peleje nessa retórica e se esforce tentando ser seu próprio interlocutor, é aceitável, afinal ninguém possui nossas interjeições - quereria eu sim vender meu peixe a todos e ser considerada politicamente correta aos olhos alheios. – A verdade é que apesar de sabermos tudo sobre nós não enxergamos nossa imagem além daquela parcial refletida no espelho. (...) Demorei muito a entender que sou além de mim, sou o que o outro vê. Posso ditar quem sou. Não se trata de ser apenas isso e sim ser aquilo/ e ser singular / e comum. / Sou necessária – às vezes não - igual ao ponto do i./ Sou parte/ e sou completa./ Sou o buraco e a beira – e toda a esfera que os separam./ Sou a equiparação do paradoxo - de quem acrescenta ao extrair./ Sou a vontade de ser diferente – já não sendo igual./ Sou complexa/ e sou fácil./ Sou a minha parte/ e os pedaços que me arrancam – também sou o que dou./ Sou aquilo que pareço ser/ sou infinitamente - muito daquilo que não quero ser./ Não sou apenas isso que mostro - sou também aquilo que escondo. / E entre ser ou não ser, não cabe a mim o alarde.
Maria Monteiro

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